Psicóloga afirma que o enfrentamento às inseguranças é importante para o amadurecimento
Com o Vestibular batendo à porta, a insegurança, o nervosismo e o medo de não ter uma carreira de sucesso são sentimentos mais do que comuns para os estudantes, antes mesmo da prova. Essas incertezas começam a fazer parte da rotina dos pensamentos dos vestibulandos. Imaginar a possibilidade de não conseguir superar algum desafio, como a prova do Vestibular, pode ser o gatilho para vários pensamentos negativos e paralisantes, que podem até atrapalhar a vida, tanto no aspecto profissional quando pessoal.
Assim, lidar com esse medo se torna fundamental para vários processos, em campos variados do ser humano: conquistar um emprego, entrar em um relacionamento, saber lidar com momentos de mudança, entre outros. Para ajudar nesse processo, estudantes que já ingressaram na Universidade compartilharam suas experiências de como lidaram com a insegurança e a professora Ana Paula Bonilha Piccoli, da Faculdade de Psicologia da PUC-Campinas, trouxe análises importantes para ajudar a compreender melhor o cenário e superar esses obstáculos.
O primeiro grande desafio para o estudante é a entrada no Ensino Superior. Uma fase importante, que faz parte da transformação de cada aluno e aluna para a fase adulta, de emancipação e maturidade. A mistura de sentimentos costuma deixá-los confusos e inseguros. A psicóloga Ana Paula Bonilha Piccoli lembra que se trata de um processo normal, mas que precisa de proatividade.
“Toda a situação nova gera medo e insegurança. Mas enquanto você não enfrenta, você sempre vai projetar essa situação muito maior do que ela é. A dica principal que podemos dar é o enfrentamento. No caso do Vestibular de um curso muito concorrido, você já se preparou, já fez as contas candidato-vaga, agora é a vez de fazer a prova, insistir e enfrentar”, explicou.
Estar focado em si é passo importante nesse objetivo. É o caso de duas alunas do terceiro semestre de Medicina, da PUC-Campinas. Maria Antônia Calixto e Melissa Camargo são amigas da mesma classe e conseguiram superar o desconforto da mudança de fase da vida e acreditar no sucesso da carreira. “Foi um período difícil, eu estudava bastante todo dia, mas no final dá certo, tem que insistir”, afirma Maria Antônia, que é a primeira na família a cursar Medicina.
“No dia da prova você tem que saber que fez a sua parte, que você se preparou. A prova é só uma consequência. Não se trata apenas de uma prova, mas é o trabalho todo que você levou até lá que vai dar o resultado”, completou Melissa Camargo, que já havia prestado no segundo ano do Ensino Médio e sido aprovada.
“Quando você pensa no número de candidatos por vaga, pode ficar assustado, mas eu procurei não pensar nisso. Procurei confiar em mim e não pensar nas outras pessoas. Você tem que fazer o seu melhor. Confiar no seu progresso”, completou Maria Antônia.
Esse é um conselho importante, segundo a psicóloga. O dia da prova não é momento de pensar em comparações. “É normal a comparação com o outro, mas no momento da prova, você deve olhar para você. Ao longo do ano, o que eu fiz? É um momento de você se fechar e confiar em você”, reforça Ana Paula.
Em uma roda de conversa com estudantes do terceiro ano de psicologia, é possível tirar exemplos de como superar esse momento e reduzir a ansiedade do futuro. Para o aluno André Bordin, dar o peso correto para cada momento faz a diferença. Para ele, ter a ciência de que não se tem uma única chance é importante.
“Confiar na sua dedicação e no dia da prova fazer coisas que te deixam tranquilo. E se acontecer de não passar, não tem problema, terão outras oportunidades”, afirmou o estudante de psicologia.
O colega de sala de André, Vinícius Soutter, atenta para outro ponto: a valorização do processo e não só da data específica.
“Temos que entender que tudo é um processo e o resultado é consequência. Você dar o seu melhor dia após dia tem como consequência passar no Vestibular. Claro que sempre surge a ansiedade. Mas na prova é hora de focar para dar tudo certo”, pontuou o estudante de psicologia.
Já Ryu Oba fez a prova mais tranquilo e confiou nos seus estudos. “Eu sabia o que eu era capaz de fazer. Então eu estava seguro. Nós combatemos o nervosismo com isso e, claro, uma boa noite de sono e até um café, por que não?”, brincou o estudante de psicologia.
A insegurança com relação ao sucesso profissional que se irá alcançar pode acompanhar o aluno mesmo depois de passar no Vestibular. Nesse caso, é importante lembrar que não só o ensino em sala de aula será fator importante nessa trajetória, mas o mundo novo que oferece a Universidade.
“No mínimo a Universidade vai oferecer uma ampliação da visão de mundo. Você sai da visão do colégio, mais restrita, e você vem para um universo com pessoas diferentes, cursos diferentes, origens diferentes. Esse desenvolvimento é importante para a formação do estudante. As vezes não é nem o curso que você escolheu, mas a mudança da visão de mundo que transforma, que vai tornar o aluno uma pessoa diferente, para que também você tenha mais condições de escolher, dentro da sua área de atuação, o que mais está alinhado com o que você gosta”, explicou a professora.
A profissional da psicologia completa lembrando o significado de toda mudança e sugere diálogo e parceria para seguir em frente e superar os medos.
“Não é uma prova para passar de ano, tem uma pressão diferente. Muitas vezes significa mudar de cidade, morar sozinho, passar de uma condição de adolescência para a vida adulta. Então, quanto mais ele conversar com amigos, família, ele vai se sentir mais forte. Conversar com pessoas que já ingressaram, alguém da família que já cursa a faculdade, alivia a ansiedade”, completou a professora Ana Paula.
A receita está dada! E o primeiro passo é se preparar e encarar o Vestibular. O resultado, de superar desafios e buscar amadurecimento, certamente é a semente para um futuro de sucesso.