Experiência conquistada na Universidade na formação integral do estudante pode ser fator que define caminho profissional no futuro. Esperar pode trazer lacuna de experiências
Quem nunca deixou para depois algo que poderia ser feito agora? A frase, que é tão comum em várias ocasiões, tem um poder maior do que se imagina. Se você já procrastinou em algum momento sabe que, no final, o problema só aumenta e a dor de cabeça é inevitável. Assim, deixar para depois uma decisão de vida, que pode ser tomada nesse momento, pode trazer consequências importantes também na carreira. Quando o assunto é Ensino Superior, a decisão de ingressar na Universidade pode determinar uma carreira de sucesso.
Quando a escolha não é postergada, o impacto positivo na jornada do estudante é muito relevante. Ainda mais quando o motivo do adiamento se baseia na insegurança. Especialistas em gestão, psicologia e os próprios estudantes confirmam esse cenário.
“Quando já foi feita a escolha pela profissão e já foi feita até mesmo a inscrição para o Vestibular, é hora de encarar. Deixar para o ano que vem é esperar um tempo enorme. Talvez, deixar para depois faz com que o estudante perca a possibilidade de já ingressar na Universidade e perceber se é essa mesma a escolha de carreira que quer, em vez de esperar mais um ano para experimentar o curso. Eu costumo dizer que a nossa carreira começa quando decidimos”, comenta a professora de Psicologia da PUC-Campinas Ana Paula Bonilha Piccoli.
E é possível ver na prática exemplos de quem decidiu enfrentar esse medo e colheu ótimos frutos. Nicolas Bortoloto, aluno de Sistemas de Informação, além de estar adorando o curso que entrou, já participa de programa de aceleração de startups no Mescla. Ele e um grupo de amigos criaram a “4UCAR”, empresa de serviços automotivos e venceram uma edição do Motiv.se, evento voltado a apresentação de ideias para startups. Ele sabe o valor de enfrentar a insegurança.
“Mesmo estando incerto no começo, eu sempre quis conversar com muita gente para entender. Conversei com pessoas de outros cursos para saber se fazia sentido para mim. Quanto mais o tempo passava, eu ia me sentindo mais confiante e, cada vez mais, sentia o pertencimento no curso que estou hoje”, comenta. “No começo é difícil, achamos que não vai dar certo, mas tem que começar. Aos poucos você vai se adaptando. O interessante de não perder tempo é não prolongar algo que pode acontecer do mesmo jeito. Você pode esperar três anos e não gostar do curso lá na frente. Nada é perda de tempo, você sempre está aprendendo”, completa o aluno.
O colega de startup e de curso, Gustavo Mercedes, complementa a ideia e reforça o dinamismo de uma carreira.
“Não é uma decisão aos 18 anos que vai ser a sua decisão para toda vida. Mas certamente é um pontapé inicial. Minha namorada, por exemplo, queria Arquitetura, mas ao conhecer a minha jornada na área de tecnologia, ela gostou e entrou na PUC-Campinas em Sistemas de Informação. Ela tomou uma decisão e está amando o curso. O importante é ter autoconhecimento e se abrir para várias possibilidades. A partir do momento que você escolhe, você vai se avaliando. Hoje eu não teria medo de entrar em um curso, identificar que eu não gostei e começar outro. A carreira é dinâmica e experiência é experiência”, comenta.
Para o professor Paulo Lot Júnior, coordenador do MBA em Gestão Estratégica de Pessoas da PUC-Campinas, o adiamento de decisões pode ser uma armadilha para o jovem.
“Muitos jovens, ao chegarem ao final do ensino médio, se sentem pressionados a decidir sobre qual caminho profissional seguir. No entanto, alguns optam por não tomar uma decisão, adiando a escolha do curso ou a inscrição para o Vestibular. À primeira vista, esse adiamento pode parecer uma forma de ganhar tempo para pensar, mas, na verdade, pode ser o início de um ciclo de procrastinação que atrasa o desenvolvimento pessoal e profissional”, afirma.
O docente ainda lembra que o melhor remédio para a insegurança é a informação. “O segredo para evitar o impacto negativo de adiar decisões é o planejamento. Não se trata de ter todas as respostas agora, mas de tomar decisões baseadas nas informações que você tem no momento. Isso inclui pesquisar os cursos disponíveis, entender as áreas de interesse e avaliar quais carreiras têm maior afinidade com suas habilidades e paixões. O importante é não deixar que o medo de tomar a decisão ‘errada’ paralise suas ações”, conclui.